quarta-feira, 4 de junho de 2008

Invencibilidade Adolescente

Nota de Cabeçalho: texto não aconselhável a desapaixonados.

M83
Staurdays=Youth
Mute, 208
M83 (Messier 83) é o nome de uma galáxia, das mais brilhantes do céu, na constelação Hydra que se encontra a uma distância de 15 milhões de anos luz da terra, mas também o nome escolhido pelo grupo frânces, agora reduzido a uma face, Anthony Gonzalez. Desde 2001 que os M83 fazem juz ao nome que acolheram, num fantasioso manto sonoro, predominantemente shoegaze (da escola dos My Bloody Valentine), com efeitos sonoros frenéticos, de essência cinematográfica, que circulam entre extremos, e palavras expulsas do peito, em socos urgentes e espontâneos, entre a fúria terrena e o levitar. Foi assim com M83(2001), Red Cities, Red Seas & Lost Ghosts (2003), e Before the Dawn Heals Us (2005), o primeiro, feito de abismos, o segundo, de tensões, e o terceiro, de adrenalina. Ao quarto album, editado o ano passado, de seu nome Digital Shades Volume 1 (registo predominantemente solitário e ambiental), e após o abandono do outro piloto de serviço (Nicolas Fromageau), Anthony Gonzalez (26 anos apenas), podia agora, e isoladamente, dedicar-se à sua predilecção, já notada em registos anteriores, e expô-la de forma directa: a sua paixão pelos anos 80, pelas bandas sonoras, pelas texturas ambientais, e cargas brutas de beleza. Se Before the Dawn Heals us era a adolescência e ansiedade em fúria, de vigor retro-futurista, este é a adolescência apaixonada e ingénua, num trabalho que se aproxima, mais do que nunca da estrutura e formato canção. Gravado com Ken Thomas (que já trabalhou com Sigur rós/Cocteau Twins/Suede), e Ewan Pearson (Tracey horn/Rapture/Ladytron) que o ajudam a explanar os seus sons, a mais valia é, essencialmente, a entrada em cena da voz de Morgan Kibby, de tímbre delicodoce e em sussuros angelicais. Saturday=Youth, quinto Lp, evoca a nostalgia dos plásticos sons dos anos 80 reconvertendo-os em fantasias e épicos pop, entre canções e instrumentais, envolvidos em synths bafejantes, leves camadas digitais, guitarras etéreas, tambores programados, teclados e pianos transparentes, melodias simples e acessíveis, crescendos e recuos, numa perfeição quilométrica. O romance e a inocência, entre o júbilo e o dramatismo, e as memórias dos mesmos, são a matriz deste album, numa ode à emoção pura e horizontes despovoados.
M83 já fez trabalhos melhores e mais desafiantes do que este Saturday=Youth, mas nunca um tão belo e desarmante; se os registos anteriores levaram Anthony Gonzalez e companhia ao pódio, este leva-os ao Olimpo.
15 milhões de anos luz nunca brilharam tão perto!


Graveyard Girl

4 comentários:

PorkChop Express disse...

Saquei o álbum e estou a ouvi-lo neste preciso momento. Só tenho duas palavras para descrevê-lo: Fa buloso

fleshMechanic disse...

Sacaste?????? Não digas isso em voz alta...

paxxxeco disse...

ele estava a dizer que acabou de o sacar da prateleira lá de casa, onde tem empilhado os cds, os dvsds e os vhss, entre restos de comida e poeira acumulada!
não é preciso incomodar as entidades fiscalizadoras da pirataria...nada se passou!
m83 até é um cd de limpeza do computador (como haviam aquelas cassetes vhs com um produto pa aplicar), que deixa os circuitos a brilhar e fa bulosos!

fleshMechanic disse...

Ah ok! off-topic: Ainda me lembro quando o porkchop encontrou moedas de escudos debaixo do banco do carro...ai uns 4 anos depois do euro estar em circulação! :)