sábado, 19 de abril de 2008

Karmacoma


1- Atlas Sound- Let the Blind Lead Those Who Can See But- Kranky 2008

Nascido do esquelético e frágil corpo de Bradford Cox, dos soberbos Deerhunter (que o ano passado lançaram duas preciosidades em LP e EP), da-mos com os ouvidos neste seu primeiro trabalho a solo, demonstrativo do potencial deste homem subnutrido e de costelas à vista. Mais focado, domado, contido e discreto que o seu trabalho anterior, em matilha, é-nos oferecido um conjunto de faixas ecléticas mas homogéneas, em registo pausado, transparente e cristalino, como se tivessem sido gravadas no fundo de uma gaveta adormecida. São 14 faixas dotadas de uma atmosfera muito pessoal, em que os mesmos ingredientes (guitarras treinadas, percurssão traumatizada,electrónica menina, e outros instrumentos em detalhe) são moldados à infinita voz e narração de Cox, exteriorizando a sua intimidade. Bem vindos ao casulo desta bela adormecida.


http://www.myspace.com/bradfordcox




2- Devastations- Yes, U- Beggars Banquet 2008

Três faces resguardadas (dos autores deste testemunho), servem de capa ao segundo album dos australianos Devastations; e se o nome não é misericordioso, o que anda lá por dentro também não o é. A devastação aqui praticada é obtida pelos métodos menos óbvios, mas atingidos os mesmos fins; obtando por uma sonoridade recta e circunspecta, ao invés de uma dissemelhante e pomposa, este trio é cirúrgico e disciplinado na exposição da sua essência. Toda esta aparente calma, control e minimalismo escondem uma fúria emocional espelhada em sons cavernosos e industriais, texturas aliciantes e hipnotizantes, e átomos e partículas vocais. Aqui não se aplaudem bárbaras explosões, apenas se vislumbram bravas implosões de modéstia e honestidades desarmantes. Bem vindos a este romance redigido em caves escuras.


http://www.myspace.com/devastations

eye recuerdos from 2007- animal species - national geographic sequence

espécie #1: lobo & urso: Les Savy Fav- What Would Wolves Do- from Let´s Stay Friends- 2007


espécie #2: abelha: Menomena- Evil Bee- from Friend and Foe- 2007


espécie #3: cão: Trentemoller- Moan- from The Last Resort- 2007


espécie #4: insectos: Clark- Ted- from Body Riddle- 2007

eye recuerdos from 2007 - Car/Crash sequence

Car: Liars-Plaster Casts Of Everything-from Liars -2007



Crash: Shocking Pinks- End of the World- from Shocking Pinks- 2007

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Adeus Canadá...Olá Suécia

Ao que soa e parece, Feist (from Canadá) já tem substituta para o seu ano de pousio, e o seu nome é Lykke Li (from Suécia...de onde mais?). O seu album de estreia, Youth Novels, por enquanto apenas editado no seu país de origem, promete uma quebradiça voz sumptuosa em minúcias pop.
Aqui fica o aperitivo, já sem casca, de um dos singles, num musculado vídeo ,ora real motion ora stop motion, ora ambos, onde ossos são cartilagem, e a velhice é jovem.


Lykke Li - "i'm good, i'm gone
http://www.myspace.com/lykkeli

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Trópico de Cancer... (Câncer)

O Trópico: El Guincho - Alegranza! - 2008

Pablo Díaz-Reixa, que adoptou o nome El Guincho, é um jovem artista Espanhol (de Barcelona)com uma visão periférica sobre o mundo, documentando-a neste seu primeiro longa-duração que mais parece uma madura e melosa rodela de ananás, que provoca uma impulsiva genica ao nível da anca. Habitando a mesma cabana, de uns Animal Collective, e do "nosso" Panda Bear, Pablo mune-se de samples tropicais, afrobeat, dub, numa mestria que lembra os Avalanches, caso estes fumassem charutos cubanos e usassem chapéus de palhota. Encontramos aqui um delírio de samples e loops, de DNA fortemente sul-americano, de repetições hipnóticas e ecos melodiosos, por vezes abstractos, por vezes focalizados,não esquecendo as legendas em espanhol. El Guincho soa a um album de recordações muito pessoal, a um diário de bordo tribal, que nos convida à invasão.



El Guincho-Kalise
http://www.myspace.com/elguincho

O Cancer: Fuck Buttons - Street Horrrsing - 2008

Brits Andrew Hung e Benjamin John Power, lembraram-se, a partir do ano de 2004, de cruzar Godzillas com caniches, de impiedosos com fraternos, de odiáveis com adoráveis, e este é o som dessa arriscada, mas bem sucedida, experiência. O seu monstro mais recente, de seis membros, começa dócil e domado, mas vai acentuando a sua dor, terminando em auges gritantes e dementes. É como uma doença, confortável na sua fase primária mas que se vai agonizando em espiral, até culminar na fase mais aguda e dolorosa. Partilhando a árvore geneologica de uns Gang Gang Dance, Black Dice, Boredoms, mas também de uns Animal Collective e My Bloody Valentine, os Fuck Buttons primam pelos círculos de distorção, pela brutalidade com pedigree, mas numa devoção deveras emocionada. Este é o ruído da abertura de um papel de rebuçado, esta é a doçura de uma câmara de tortura.



Fuck Buttons-Bright Tomorrow

http://www.myspace.com/fuckbuttons

terça-feira, 15 de abril de 2008

S de Salada Sonora

1-S de: Sian Alice Group - 59.59 - 2008

Da Inglaterra, uma capa em branco e a duração do que se passa lá dentro, sem informações demais e sem grafismo apurado. Esta abordagem é sinónimo reforçado do conteúdo, uma vez que não se detecta uma matriz musical, rígida e análoga, ao longo das 16 faixas que percorrem o album. Esta é uma peça de façanhas ,experiências sonoras e texturas multiplas, colhendo pedaços de Folk, de free Jazz, de Rock, de avant garde, de clássica contemporânea, de electrónica repetitiva, remendadas na feminina e gentil voz de Sian Alice Ahern. Avivando alguns momentos de bandas como Stereolab, Broadcast, Laika, esta é uma banda personalizada, característica, ciente do seu poderio. A tensão está toda aqui, mas bem controlada, a utopia está aqui, mas bem delineada, a tradição está aqui, mas bem explorada, esta é uma aventura musical em linha recta, em via aberta.



http://www.myspace.com/sianalicegroup



2- S de: Sunset - Bright Blue Dream - 2008

Austin, Texas, de quando em vez consegue "parir" fantásticos objectos sonoros que pouco têm a ver com a esterilidade que habita neste Estado, e é neste disfuncional espectro sonoro que encontramos {{{ SUNSET }}} e o seu descendente. É árduo estabelecer paralelos com a música que nos é aqui apresentada, soa-nos familiar ao mesmo tempo que soa-nos distinto e fresco, uma vez que o caminho percorrido por Bill Bair e companhia faz questão de nos confundir. Com um pulso fortemente psych pop anestesiado, são manejadas guitarras em eco, baterias com colesterol alto, pianos em deslumbramento, instrumentos de sopro com insatisfação, criando um nicho musical que arde lentamente. A variedade aqui é contínua, em registos ora domados, ora revoltados, mas de intuição e fôlego incessante. Imediatamente para o alto palanque de 2008.





http://www.myspace.com/lobosunset