sábado, 12 de abril de 2008

Tauromaquia Sueca - here comes the PAST


1-Honeydrips - here comes the future - 2007

Surgindo nas unhas dos pés do ano do passado, aparece-nos esta obra-prima de Mikael Carlsson, acompanhado a espaços pela voz de Hanna Göranson, que sem antecipações, avisos ou previsões facilmente se apoderou da rotação e eixo da caixa de som. Agarrando na jovialidade e viço de uns Peter, Bjorn and John, na cavernosa voz de um tal de Ian Curtis (Joy Division), na dentição londrina de uns Saint Etienne, na pose retro de uns Russian Futurists, e na passada de uns New Order, é destilado, em apenas 34 minutos, um desarmante caudal de canções, ora arrebatadas, ora apartadas, ora festivas, ora enlutadas, numa sólida diversidade, desprovida de engenharia mas munida de intensidade. Um dos melhores molhos de canções, sonoridades e entoações do ínicio de 1988 e fim de 2008.






2-Thoug Alliance - a new chance - 2007

Partilhando a mesma editora que os anteriores, a desafiante Sincerely Yours, surgem-nos Henning Fürst e Eric Berglund, dois moços com genica suficiente para por a Arábia Saudita a dançar convulsiva, inconsciente e despropositadamente. Num contínuo desconcerto, com vincadas raízes dos anos 80, irrompem canções que bem podiam ter sido criadas com areia nos pés, vindas das regadas costas e solarentas praias dos diversos continentes com bandeira azul . É Disco, é Euro-pop, é música de calção Havaiano, sem protector solar, com duas palhinhas em espiral, sombrinhas, e pé desnudado e suado do rodopio.






3- Familjen - DET SNURRAR I MIN SKALLE - 2007

Da Escandinávia irrompe Johan T Karlsson, retratado como Familjen, nascido de uma relação amorosa entre um sintetizador, perdido num sotão gelado, e uma bola de espelhos, bem oleada. O seu primeiro longa-duração é um corredor estreito, enegrecido e nublado, onde ecoa uma voz, em discurso sueco, apaixonada por paisagens monocromáticas, e envolvida por pujanças electrónicas que deambulam entre o tecnho/eletropop/synthpop. A sua música, de dente afiado, é recinto aberto e claustrofóbico, congelando as malhas das colunas e
libertando as pernas, num longo degelo. O video do single de avanço, que partilha o título da obra, é bem ilustrativo da música que veste Familjen. Realizado e trinchado pelo machado do genial Johan Söderberg (que já visualmente expôs esplendorosamente The Knife, The Streets, entre outros), são aqui expostos fragmentos, repetidos e matematicamente manietados, de uma assembleia de devotos, dos anos 70, em absoluto estado de delírio e completamente absortos. É uma igreja, mas bem podia ser uma discoteca dos tempos correntes.








4- The Housewife Lovers - EP - 2008

Novinhos em folha são estes Housewife Lovers, que costumam dar concertos em apertadas despensas e sotãos sem pé-direito. O seu primeiro EP, curto e possante, é um aperto Rock angular e emocionado, construído à volta de um falseto bizarro, que lembra Jamie Steward, dos inarráveis e amáveis XIU XIU. É este o som da urgência, que faz desesperar por mais... que regressem depressa estes amantes.



sexta-feira, 11 de abril de 2008

united colors of death

Santi White, aka SANTOGOLD, tem vindo a criar enorme expectativa nos últimos meses à medida que guarnece o longa-duração de estreia, que eclodirá em Abril. Orbitando por terrenos trilhados por M.I.A, ANNIE e KAREn O. (dos YYY) esta americana prepara-se para expor o seu caleidoscópio de blips e bleeps com paladar Afro. Juntando em seu redor nomes como Freq Nasty, Disco D, Diplo, M.I.A, Switch, Naeem dos fantásticos SpankRock, XXXchange, e Clifford Moonie Pusey, percebe-se um pouco a coloração das suas futuras faixas. O primeiro avanço, L.E.S Artistes, vira as costas ao que muito tímpano e nervo esperava, percorrendo uma linha fortemente POP, e abraçando um refrão espanpanante. O vídeo do single, obra de Nima Nourizadeh ( que já assinou videos para Hot Chip e Lily Allen), é um massacre nickelodeonesco, numa paleta de cores primárias em fúria, que visualmente se articula na perfeição com as escalas e ritmos da música em causa. Nunca a insensata agressão, a víril violência, e o despropósito colérico foi tão estupidamente ingénuo e colorido. A morte ficáva-nos tão bem desta forma...





L.E.S. Artistes - SANTOGOLD

quinta-feira, 10 de abril de 2008

skating over iraque (m83 lower your eyelids to die with the sun)

Agarrando na última faixa da dupla de franceses M83 (agora reduzidos a uma mente singular), do albúm de 2005 Before the Dawn Heals Us, encontra-mos este exercício, ou melhor, esta ginástica urbana, que expõe, majestosamente, a arte e destreza do skating e o delicodoce engenho explosivo, à 4 of july, minucisamente temporizado. Dirigido por uma tripla, Ty Evans, Spike Jonze (génio esquizofrénico e piromaníaco que normalmente deambula entre a longa metragem e o vídeo musical) and Cory Weincheque, este vídeo, em velocidade de acopolagem lunar, elaborado para intro do filme/documentário Fully Flared em 2006, apresenta uns tantos prodigiosos skaters que desafiam as leis de Newton e a unidade de cuidados intensivos, elaborando ilusionismos além solo, num bailado que bem podia ter sido executado num baldio Iraquiano fortemente minado. Quem diria que os skaters sabiam desfilar ao som da Teosofia (do divino), em detrimento do punk fm, ou de rolamentos cuspidos. Ao ver e ouvir, esta composição visual, deu-me uma mórbida vontade de agarrar no meu antigo skate, agora partido em dois, e planar por cima de bombinhas de carnaval, contudo a aterragem seria bem mais penosa e escabrosa (com direito a munificação) do que a observada neste excerto. Para quem detesta o "quebra-nozes" aqui fica esta poesia de rua.


m83 lower your eyelids to die with the sun