segunda-feira, 13 de outubro de 2008

ACISÚM (música) from Finland

Paavoharju são um colectivo da Finlândia, mais propriamente dito de Savonlinna, composto pelos irmãos Lauri e Olli Ainala, e por Emmi Uimonen, e Jenni Koivistoinen que assim que despertaram para a música ficaram ligados à extravagante e pioneira editora Fonal records, que tem sido estandarte da nova vaga de música visionária e contemporânea, guardando nos seus quadros nomes como SHOGUN KUNITOKI, ES, ELEANOORA ROSENHOLM, LAU NAU, entre outros ovnis. A Finlândia, e graças ao fantástico trabalho de propagação pela Fonal records, aparenta ser cada vez mais a nova Suécia, mas mais desviada e enigmática, no que diz respeito à criação de uma casta de artistas altamente criativa e destemida, e os Paavoharju são um dos expoentes máximos destes adjectivos. Paavoharju, que já em 2005 tinham criado uma raridade como Yhä hämärää, regressam em 2008 com um trabalho ainda mais fabuloso e surreal, de seu nome Laulu Laakson Kukista, que, e após cuidadosa dissecação sonora, me leva a pôr em causa o título de melhor album do ano previamente atribuído aos Tv on the Radio, pois este novo registo dos Finlandeses é algo de magnificente, sem direito a sinónimos.

Laulu Laakson Kukista soa a isto: "imaginem que deixam o ancestral gravador de cassetes (herança de família), com uma cassete já sujeita a gravação cinquenta vezes (com celebrações religiosas, bandas sonoras de David Lynch, cantos tradicionais, e ruído de rádio em AM) em REC, durante uma noite numa encantada e densa floresta da Finlândia habitada por rochedos e grutas falantes, fadas, duendes, corvos, anciões, e outros místicos seres...entre os quais um mastodonte com asas". No dia seguinte regressam e o que lá vem dentro são os caóticos, imperfeitos, obtusos, mas estranha e brutalmente belos, Paavoharju. A sua obra e criação não é para todos os dotados de duas orelhas; não é obviamente acessível, correcta, ou identificável, mas o somatório de toda a bizarra magia dos Paavoharju é algo de fascinante, puro, primitivo, belo e à mercê, ou seja, um hecatombe de sentimento.
Milhares de artistas tendem a olhar para trás, e para outras décadas e raízes, para criarem música, mas estes Finlandeses, e parte do catálogo da Fonal, olha em frente, desprendendo-se de vícios do passado, para conceberem música no real termo da palavra, com seis sentidos activos.
É esta a obra-prima de 2008, para mim, um ser estranho com dentes no cérebro.

Duas preciosidades:
Kevätrumpu - Paavoharju
Uskallan - Paavoharju

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