The Chap
Mega Breakfast
Lo recordings, 2008
The Chap são Londrinos e resultam a junção culinária de Claire Hope, a Johannes Von Weizsäcker, a Panos Ghikas , e Keith Duncan, numa frigideira anti-aderente, por volta de 2002, despertando de imediato o olfacto do restaurante (refinado)/editora Load Records (casa de gente como Black Devil Disco Club, Cursor Miner, Luke Vibert, Susumo Yokota, entre outros). Assim que se instalaram não perderam tempo, até porque era difícil conter tanta criatividade e desvario, e lançaram de imediato o seu trabalho The Horse, e alguns Ep´s; mas apenas em 2005 começaram a chamar à atenção, com Ham, um registo, em formato cocktail, com tanto de absurdo (no bom sentido) como de talento. Com a ascensão, em passada lenta, mudaram de editora, transferindo as especiarias para o restaurante (global)/ Ghostly International (casa de gente como Dabrye, Kiln, Lawrence, Mobius Band, Mathew Dear, entre outros), mas mantendo a afinidade com a editora anterior, sem remorsos. Mega Breakfast, o novo apocalipse da banda, mantém a reputação anterior, mas num sentido mais panorâmico, fervilhante, extrovertido, e com alto teor proteico. É difícil enquadrar, como já era anteriormente, este novo trabalho da banda, que aplica praticamente todos os ingredientes presentes em despensas musicais, criando um universo a 4 dimensões, de recheio Pop. Como exemplo disto aqui fica a receita (ps: misturar os ingredientes por ordem alfabética invertida&disléxica): pop-rock+world music+post-punk+afro-funk+indie rock + techno+R&B+lo-fi+modern pop+dance music+ska+noise, num repasto em chamas , servido em pratos coloridos e garridos(de festas de aniversários de pirralhos) e talheres de prata (em peças de design de autor). O açúcar é aqui muito (a evitar por diabéticos), e a saborosa indigestão é garantida, mas sem doses de azia, numa delícia sem precedentes. Cada faixa é única e inventiva, imprevisível e imediata, caótica e organizada, com grande interacção entre as mesmas, sem distracções ou momentos inócuos, criando diversão e reflexão lendária. Lembram (uma vez que os ouvidos não são virgens), uma série de bandas como, Hot Chip (2x Hot Hot), Scissor Sisters, Chromeo, MGMT, Underworld, The Rapture, The Klaxons, Dan Deacon, The Go! Team, Panther, Datarock, Junior Senior, Enon, Flaming Lips, mas são inconfundíveis, na concepção de testemunhos artísticos. Toca a enfardar, sem hesitações, ou dietas!!!
MGMT
Oracular Spetacular
Sony, 2008
Síndrome de hype#3. Primeiro, em termos de volume/grau de atenção, foram os Vampire Weekend, depois Santogold, no que diz respeito ao efeito que o Myspace ia criando, espécie formigueiro, à medida que penetrávamos no ano de 2008. Ambos os nomes, acabaram por mostrar que o hype valia a pena, e apresentaram trabalhos de excelência e relevância que têm pautado este ano, sendo que agora se apresenta outro retrato de atenção desmedida, e next big thing, e como os seus pares, e para gáudio de quem tem duas orelhas, constatamos que a montanha pariu um Pirinéu. Ben Goldwasser e Andrew Van Wyngarden são o lado A e B dos MGMT, vindos de Middletown, e apesar de já terem despertado em 2002 só agora apresentam o seu primeiro Opus, Oracular Spetacular. Em vez de se fecharem num estúdio a criar e sedimentar sons, preferiram a vida selvagem e os concertos ao vivo em série (sendo aqui relevante os concertos que partilharam, em 2007, com os Of Montreal), e esta atitude, bem como os meandros do Myspace, alimentaram de forma fulminante o buzz que se instalou em seu redor. Podem pôr a desconfiança de lado, porque afinal existe tanto dom e carácter aqui que até nauseia (no bom sentido), o que e me leva a perguntar como é que estes petit enfants, tão jovens e ingénuos, conseguem tamanha proeza e façanha sonora, que muito adulto, com anos acumulados de prática e saber, jamais alcançarão. Portanto já sabemos que os dois jovens, prematuros, têm um QI elevado, e talvez alguma tia que trabalha numa farmácia e lhes fornece os alucinogénicos, mas também sabemos, e de fonte segura, que os meninos tiveram à disposição as mãos sagradas do produtor Dave Fridman (que já elaborou tesouros para Flaming Lips, Mercury Ver, Delgados, Sparklehorse, Mogwai, entre outros tantos), e isso nota-se a milhas, pela mega produção caleidoscópica feita de qualidade e pujança que os MGMT transportam e impiedosamente atiram-nos à cara. Tudo aqui é XXXL, desenhado por génios da alta costura, os tambores, os teclados, as cordas, os gadgets, as vozes (e os falsetos aos molhos), espontaneamente criando abundâncias de electro-pop, glam rock, disco, new wave, folk, psicadelismo, que têm paladar clássico e novo (fresh), e queimam as retinas… e nós sorrimos! O engarrafamento, e tráfego sonoro, é aqui incalculável, e é como juntar, numa única mortalha, David Bowie, Beck, Flaming Lips, Mercury Rev, Of Motreal, Scissor Sisters, LCD Soundsystem, sem aditivos. É excessivo, é glorioso, é pavoroso, é contagioso, é demente, é vibrante, é estranho, é refrescante, é irónico, é complexo, é provocante, é intolerável, é brilhante!!! Odisseia Intergaláctica#3, “é favor ocupar os vossos lugares, não esquecendo os cintos de segurança”!
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