sexta-feira, 4 de julho de 2008

Germânicos em Contramão

The Notwist
The Devil, You+Me
Domino 2008

Os The Notwist, brotaram da Alemanha, perto de Munique, no longínquo ano de 1989, inicialmente como uma banda de post-hardcore, mas logo se renderam às sonoridades indie pop e electrónica desbocada dos Autechre aos Oval, e foi com esta exposição prolongada que o quarteto, formado pelos irmãos Archer, se catapultou. Os seus registos foram surgindo a espaços, cada vez mais demorados, e temporalmente afastados uns dos outros, até alcançarmos o ano de 2002, onde os Notwist, com Neon Golden, davam mostras de todo o seu crescimento e desenvolvimento até então, num trabalho de aptidão e influência extrema, que acabaria por se tornar num objecto de culto e veneração. Depois desta deflagração em massa, os Notwist refugiaram-se, e voltaram à segurança da toca, assistindo de longe, alheios e incólumes, ao devaneio e magnetismo que rodeava a sua música. Os irmão Archer, nomeadamente Micha Archer (vocalista/guitarrista) desdobrou-se então em outros trabalhos e bandas como Potawatomi, Console (neo-electro), Lali Puna (indietronica), Ms.John Soda (fantástica performance electro-pop), 13&God (curiosa incursão hip-hop), e Tied + Tickled Trio (Jazz), o que evidenciava a escala sem perímetro, e limite de géneros musicais, da sua fervilhante mente criativa. Seis anos passados, após o clássico, e Archer retoma e reacende o laptop e a máquina rítmica, The Notwist, originando um trabalho, The Devil You&Me, que demorou dois anos a ser executado, mas cuja espera e ansiedade é agora devidamente compensada. O quarteto mantém o cordão umbilical a Neon Golden, mas onde o registo anterior era mais imediatismo e tensão este é mais expectativa e libertação, mas sem perder a fibra, que tão bem os caracteriza . A voz de Micha Archer continua tranquila e pacífica (lá no alto do 3ºdireito, sem campainha), as guitarras crescentes, as electrónicas assimétricas, os arranjos detalhados, as teclas tímidas, num genuíno som receoso mas exposto, de coração aberto à vista desarmada. A aventura prossegue aqui (feita de acoustic pop/electronic rock/electro-fuzz pop/sound collages/post-rock e shoegaze) e agora, mais melindrosa, mas distinta. O album é povoado por ecos de Radiohead, M83, Lali Puna, trabalhados com a dedicação, instrospecção, e génio, dos mesmos. Era impossível, aos Notwist, criarem um Lp ao nível da sua obra maior, bastavas-lhes apenas dar azo ao seu saber, e deixar o novelo desenrolar, e é o que fazem aqui, de forma polida. Bem vindos de volta estimados Germânicos com pouco, ou nada de frieza, mas tudo de agilidade!





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