quarta-feira, 21 de maio de 2008

The Sound of Sounds...

Philip Jeck
Sand
Touch, 2008

Depois de estudar Artes Visuais, Philip Jeck começou a explorar a composição musical, através de discos e electrónicas, no princípio de 1980, caminhando entre galerias de arte e festas de armazém, dando largas à experimentação. As suas rotinas são os furtos continuados a lojas de discos amassados e material electrónico em decomposição (nomeadamente Casios SK, cassetes de fita mastigada, e gravadores gagos), manipulando, e transformando toda este material apodrecido em matéria densa, e predominatemente estática. Jeck esperou três anos entre este registo e o seu anterior, 7, devido ao seu desagrado com o que estava a produzir na altura, e este espaço temporal foi determinante para a formação desta nova derme, amena à tona, mas intrincada no seu cerne. Os três anos que passaram conferiram a Jeck um afastamento substancial do carácter simétrico da sua música passada, e da repetição em escala, que o caracterizava, oferecendo a este trabalho uma intensidade, pessoal e convidativa, que atinge níveis de ferocidade, que desafiam sem lacerar. Aqui jogam-se com fragmentos (de vinis empilhados), loops, e outros elementos anónimos, numa distorção em blocos ora sinfónicos e melódicos, ora hostis e provocadores, em picos desafiadores. Ligado a nomes como, Tangerine Dream, Thomas Brinkmann, Windy & Carl, Merzbow, Basinski, Fennesz, entre outros, e catalogando-se em géneros como, o drone, o ambient, o noise, o minimalismo, Jeck, corta os abrasivos pulsos que o tomavam, amolece a agulha do seu leitor de discos, e amplifica e humaniza o seu caos, numa abundância em camadas. Portentoso, este híbrido flutuante! Para quebrar a visão, e divagar no intervalo temporal.

Fanfares - Philip Jeck



Christopher Bissonnette
In Between Words
Kranky, 2008

Bissonnette, é um compositor contemporâneo,e artista multimédia (fazendo também parte do colectivo Thinkbox), oriundo do Canadá, que se move entre galerias e clubes, em criações ambiente, banhadas em samples e delicadas orquestrações. O seu magnetismo, que coagula, levou-o até à editora Kranky, e junto dos seus similares, como Stars of the Lid, Tim Hecker, Keith Fullerton Whitman, entre outros, encaixando na perfeição no catálogo, feito de ar comprimido, desta Label. CB manobra sons em suspensão (sem fios ou artifícios), jorra atmosferas com paisagens sem linhas de horizonte, e redige poesias magnéticas, criando uma música, ou melhor, um nevoeiro que ofega. O seu album anterior, de 2005, Periphery , era mais sombrio e distante, de superfície, enquanto que este é mais luzídio e confinante, feito de profundezas, e dormentes danças subaquáticas. Agarrando em envernizados resíduos de som CB envolve-nos em cobertores intemporais feitos de tensão e emoção, e deixa-nos à mercê da ilusão, e do pensamento quimérico, esquecendo o peso do corpo, e o ronco do osso. Aqui vingam as sonoridades cristalinas, em composições clássicas, os ruídos debelados, em crepúsculos que dão lugar à luz, que provocam a gloriosa abstracção, em seis faixas apenas. Explorando o espaço vazio entre os instrumentos, a ingeniudade e o espírito dos espelhos, e toda a subtileza e variações da música ambient, CB lança-nos um tsunami sem periferias.
Underwater love!

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