terça-feira, 15 de julho de 2008

Thomas Edi-sons



Why?

Alopecia

Anticon, 2008

O projecto Why?, é perito em amálgamas sonoras, triturando tudo o que se deixa ouvir, criando uma pasta gelatinosa feita de moléculas pop, hip hop, folk, psychedelic, indie rock, rap, indie pop, indie rap, alternative, alternative hip hop, hip pop, post-hop, singer/songwriter; feitas de tudo, feitas de nada, em perfeito desequilíbrio, e sem arames farpados impeditivos de ir mais além. Exemplo da sua excentricidade e electricidade sem tomada, são os títulos inarráveis, anormais, e dados à imaginação de cada um, dos seus registos, como é o caso Oaklandazulasylum (2003), Elephant Eyelash (2005), e o mais recente, Alopecia (2008); contudo, o seu som tem tanto de intelectual como de comum, tanto de puritano como de inexacto, e é isto que oferece o sublinhado e o negrito aos Why? Alopecia, sobre a tutela da voz nasal de Yoni Wolf, é um significativo avanço na carreira da banda, de rap alternativo?, uma vez que transpira maturidade e consegue a perfeita proporção entre inacessível e acessível, feito de linhas tortas pop, marcadores grossos indie rock, e claridade em cortinas desfiadas. Esta música tem pouco de sólido e muito de líquido, uma vez que parece esquivar-se do ouvinte e tomar um rumo independente e solitário, aparentando alguma languidez e monotonia, mas falsa, uma vez que Alopecia atropela-nos quando menos esperamos, ora embalando-nos, ora espicaçando-nos, evitando um estado de espírito único, homogénio e sem parentesco. Esta capacidade de ilusão, esconde imenso engenho e criatividade, mas também imenso delírio (saudável) e bizarria (melíflua), ou não estivéssemos a falar da irmandade cLOUDEAD e Subtle , poderosas máquinas desreguladas com o alto patrocínio da editora Anticon. Alopecia atrai pela curiosidade lançada, mas assim que se espreita somos sugados para um paralelo, trajado de honestidade, trauma e desespero, mas exibido de encantamento, alvura e sagacidade. Explorai!





The Dodos
The Visiter
Frenchkiss, 2008

The Dodos, originários de São Francisco, deram início de actividade em 2006, somando Meric Long a Logan Kroeber, e de imediato lançaram o seu primeiro trabalho, Beware of the Maniacs, que passou praticamente despercebido, como uma linha de água subterrânea, mas tal não os intimidou ou amedrontou a tomar os passos seguintes, na sua breve história. Com a erupção em massa do Myspace, o som dos Dodos começou a ultrapassar barreiras geográficas, e obrigou-os a abandonar a camuflagem forçada, expondo-os de forma desarmada, e partilhando com a civilização a sua criatividade e invento. Os primeiros avanços de The Visiter, começavam a alimentar os sedentos por uma nova fórmula musical, e imensos olhos começavam a colocar-se por detrás dos ombros dos Dodos, uma vez que estávamos a assistir a algo que lembrava o génio e diversidade da paleta de cores de uns Animal Collective em pico de forma, mas também de uns Surfjan Stevens, Iron&Wine, Beirut, Califone, Magnetic Fields, entre outros. 2008 apresenta-nos o seu primeiro trabalho de câmara aberta, num compêndio sonoro, onde géneros colapsam uns sobre os outros, (country blues vs folk vs indie pop vs art punk vs experimentalismo vs genética africana vs tradição pura vs influências exóticas), de forma simples e animosa. A maneira como trabalham as guitarras acústicas e os tambores, mas também pianos, banjos e alguns instrumentos de sopro, é ambidextra, e deveras assombrosa, o que por vezes nos leva a interrogar como é que dois indivíduos apenas, com quatro braços apenas, conseguem reproduzir tamanha dimensão sonora, feita de melodias memoráveis. O minimalismo humano é compensado pela destreza, aptidão, e genuinidade abismal, que tem tanto de cerebral como de físico, invadindo, e abalando, subitamente o sistema nervoso, criando doces espasmos a cada audição, que nos fazem esquecer os anteriores, quais?como?o quê?, ah, meus queridos Dodos, aqui tão perto!





Sem comentários: